ARTE E LITERATURA
PINTURAS DE PESSOAS ESCREVENDO
A POESIA DE CASTRO ALVES
E OUTROS POETAS
Dia do Poeta
20 de Outubro
Poetas
Artistas das palavras.
Preenchem folhas em branco
com obras primas.
Retratam em palavras
os sentimentos da alma
e dos olhos.
Enxergam além dos mortais seres comuns,
tornando-se 'imortais'.
Poesias são pinturas sem tintas.
Parodiando Voltaire que escreveu
que "a pintura é poesia sem palavras".
Vermeer Pintor holandês (1632-1675) |
Música: "Tebe Poema" - Rachmaninoff
Sergei Rachmaninoff: Compositor, pianista e maestro russo (1873-1943)
Sergei Rachmaninoff: Compositor, pianista e maestro russo (1873-1943)
Poetas e Poetisas
Eles sentam-se e escrevem o que sentem.
Escrevem em lugares fechados, em uma sala ou escritório, porém estão ali somente de corpo, pois suas almas e mentes estão passeando e viajando por outros lugares.
"Escritor em seu Escritório" - Gustave Caillebotte Pintor francês (1848-1894) |
"Jovem Escrevendo Uma Carta de Amor" - Pietro Rotari Pintor italiano (1707-1762) |
"Jovem Escrevendo" - Pierre Bonnard Pintor francês (1867-1947) |
"Fernando Pessoa" - Almada Negreiros Pintora portuguesa |
"Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre."
(Fernando Pessoa)
"Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois,
antes,é necessário ser um."
(Fernando Pessoa)
Música:"Poema Singelo" - Heitor Villa-Lobos
Compositor brasileiro (1857-1959)
Intérprete: Pianista brasileira - Cristina Ortiz
Minha Homenagem ao Grande Poeta Brasileiro - Castro Alves
O primeiro poema a gente nunca esquece.
No meu caso foram os primeiros livros de poesia que nunca mais esqueci.
Conheci a poesia através de meu avô paterno, que presenteou-me com três mini-livros das "Poesias Completas" de Castro Alves, quando eu tinha uns 6 anos. Lógico que só fui lê-los anos depois.
Tenho guardado até hoje estes raros livros, como herança de infância. (Abaixo a fotografia destes livrinhos)
A poesia "Espumas Flutuantes" está guardada em minha memória e em minha alma até hoje. Li e me afeiçoei a ela desde sempre, com certeza porque amo e sempre amei o mar. E o poeta Castro Alves declamou o mar e suas ondas de forma linda e magicamente..."flutuantes".
Tenho guardado até hoje estes raros livros, como herança de infância. (Abaixo a fotografia destes livrinhos)
A poesia "Espumas Flutuantes" está guardada em minha memória e em minha alma até hoje. Li e me afeiçoei a ela desde sempre, com certeza porque amo e sempre amei o mar. E o poeta Castro Alves declamou o mar e suas ondas de forma linda e magicamente..."flutuantes".
"Espumas Flutuantes" - Castro Alves
(Parte I - Poesias Completas)
"... Das bandas do ocidente o sol se atufava nos mares, como um brigue em chamas...e daqueles vasto incêndio do crepúsculo alastrava-se a cabeça loura das ondas."
"... A onda invasora de azul, que descia das alturas...recordavam-se indecisos na penumbra do horizonte."
"... Longe, inda mais longe, os cimos...sumiam-se, abismavam-se numa espécie de naufrágio celeste."
"... Como as espumas, que nascem do mar e do céu, da vaga e do vento...e como as espumas são, as vezes, a flora sombria da tempestade...mas, como as espumas flutuantes levam boiando nas solidões marinhas..."
Antônio Frederico de Castro Alves, nasceu na Bahia, em 1847 e faleceu em 1871.
Suas poesias são marcadas pelo combate à escravidão, motivo pelo qual é conhecido como "Poeta dos Escravos. Foi nosso mais inspirado poeta condoreiro.
Seu livro "Os Escravos" foi uma das primeiras obras a introduzir a realidade negra na literatura brasileira.
O pintor brasileiro Cândido Portinari retratou "O Navio Negreiro" inspirado no tema do livro de Castro Alves.
E também o pintor Rugendas retratou sua versão deste mesmo tema.
Rugendas
O pintor alemão que retratou o povo brasileiro
"Navio Negreiro" - Rugendas Pintor alemão (1802-1858) |
"Navio Negreiro" - Cândido Portinari Pintor brasileiro (1903-1962) |
Os Escravos
Castro Alves, simpatizante dos ideais liberais, levou o negro para a literatura brasileira, influenciado pelo escritor francês,Victor Hugo, autor de "Os Miseráveis".
"Os Escravos" foi uma das primeiras obras a introduzir a realidade negra na literatura brasileira
"O Mercado de Escravos" - Henry Chamberlain |
Vozes d'África
(Primeira Estrofe)
(Castro Alves)
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...
Navio Negreiro
(Primeira estrofe)
(Castro Alves)
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
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Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
(Continuação do Poema: http://www.culturabrasil.pro.br/navionegreiro.htm
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Centenário de nascimento do "poetinha" brasileiro
Música: "Para Viver um Grande Amor" - Vinícius de Moraes
Intérpretes Toquinho e Vinícius
Vinícius de Moraes foi um prolífico escritor e compositor.
Ele escreveu inúmeros livros, poesias e canções.
A CRIAÇÃO NA POESia
Vinícius de Moraes (1913-1980)
(Ideal - F
ragmento)
ragmento)
O poeta parte no eterno renovamento.
Mas seu destino é fugir sempre ao homem que ele traz em si.
O poeta:
Eu sonho a poesia dos gestos fisionômicos de um anjo!
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E um só clamor saía de todos os peitos e vibrava em todos lábios — Ariana!
E uma só música se estendia sobre as terras e sobre os rios — Ariana!
E um só entendimento iluminava o pensamento dos poetas — Ariana!
Assim, coberto de bênçãos, cheguei a uma floresta e me sentei às suas bordas — os regatos cantavam límpidos
Tive o desejo súbito da sombra, da humildade dos galhos e do repouso das folhas secas
E me aprofundei na espessura funda cheia de ruídos e onde o mistério passava sonhando
E foi como se eu tivesse procurado e sido atendido — vi orquídeas que eram camas doces para a fadiga
Vi rosas selvagens cheias de orvalho, de perfume eterno e boas para matar a sede
E vi palmas gigantescas que eram leques para afastar o calor da carne.
Descansei — por um momento senti vertiginosamente o húmus fecundo da terra
A pureza e a ternura da vida nos lírios altivos como falos
A liberdade das lianas prisioneiras, a serenidade das quedas se despenhando.
E mais do que nunca o nome da Amada me veio e eu murmurei o apelo — Eu te amo, Ariana!
E o sono da Amada me desceu aos olhos e eles cerraram a visão de Ariana
E meu coração pôs-se a bater pausadamente doze vezes o sinal cabalístico de Ariana...
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Depois um gigantesco relógio se precisou na fixidez do sonho, tomou forma e se situou na minha frente, parado sobre a Meia-Noite
Vi que estava só e que era eu mesmo e reconheci velhos objetos amigos.
Mas passando sobre o rosto a mão gelada senti que chorava as puríssimas lágrimas de Ariana
E que o meu espírito e o meu coração eram para sempre da branca e sereníssima Ariana
No silêncio profundo daquela casa cheia da Montanha em torno.
"Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o Amor toma conta dele."
(Platão)
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